sábado, 10 de novembro de 2012

Revolução Cubana e produção cultural







As iniciativas cubanas de financiar e treinar movimentos guerrilheiros, bem como a tentativa de organizar a OLAS, desagradavam o governo soviético liderado por Brejenev, contrário às tentativas de expandir revoluções na América Latina e favorável a coexistência pacífica. O ano de 1968 foi decisivo para a Revolução, já que marcou o alinhamento político do governo cubano com a União Soviética, sobretudo em relação a sua política externa. A invasão das tropas soviéticas em Praga, na Checoslováquia, para reprimir um movimento que propunha um socialismo com democracia e mais humano, foi apoiada pelo governo de Fidel Castro. Com o assassinato de Che Guevara na Bolívia, o governo cubano aproximou-se mais da União Soviética, tornando-se dependente em relação à grande potência socialista e aplicando a política de socialismo num só país.

Ao longo dos anos 70, consolidou-se em Cuba um governo autoritário e repressivo, que suprimiu a liberdade de criação e de expressão, além de limitar em muito a participação democrática efetiva da maioria da população nos órgãos de poder. A falta de liberdade política e cultural, expressa no regime de partido único do Partido Comunista Cubano, na centralização do poder nas mãos de Fidel Castro, no controle dos meios de comunicação e na censura de produções culturais também se constituíram em problemas recorrentes ao longo dos anos.

A definição da política cultural oficial foi elaborada principalmente pelos dirigentes políticos, que determinaram o espaço dos intelectuais na Revolução Cubana. A política cultural foi uma forma de buscar controlar as produções intelectuais e artísticas, por meio de estímulos e premiações para a criação da arte revolucionária. Nos anos 70, a censura e o endurecimento no campo intelectual atingiram o seu auge. Apesar da abertura no campo cultural que vem se desenvolvendo desde meados dos anos 80, ela não foi acompanhada por reformas políticas, o que impede que a liberdade de criação e expressão em Cuba seja plena. A censura, as diretrizes oficiais, o acesso restrito à informação, à imprensa estrangeira, às viagens internacionais e à internet, permanecem como práticas dos altos funcionários do governo cubano, o que impede que o trabalho intelectual em Cuba seja totalmente livre. A ampla liberdade de criação e expressão segue sendo uma questão não resolvida pela política oficial da Revolução Cubana.

O processo de burocratização dos dirigentes teve como conseqüência a consolidação de divisões sociais e de privilégios e regalias para poucos, enquanto a maioria da população cubana conviveu com racionamento e dificuldades no abastecimento de gêneros de primeira necessidade. Com o fim da União Soviética, em 1991, o governo cubano foi obrigado a promover mudanças para enfrentar a grave crise econômica. O colapso do bloco soviético deixou a ilha em situação deplorável, com falta de combustível, alimento e de produtos industrializados. Denominado de “período especial”, significou uma abertura ao capital estrangeiro, que investiu, sobretudo, no turismo. Nessa fase, extinguiu-se o monopólio do comércio exterior e legalizou-se o dólar, o que acentuou as desigualdades sociais entre aqueles que têm acesso ou não à moeda estrangeira. Com a chegada de Chavez ao poder na Venezuela, acordos comerciais foram estabelecidos entre os dois países e o fornecimento do petróleo venezuelano aliviou a situação de crise da economia cubana. Entretanto, muitas questões ainda não foram resolvidas na ilha, como a sucessão de Fidel Castro, que se afastou do poder em julho de 2007, por motivos de saúde, e delegou-o provisoriamente a Raúl Castro, seu irmão. Resta-nos esperar para saber como serão os próximos passos da sucessão de Fidel e do futuro de Cuba.

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